Criança e Adolescente
01/11/2016
MEIO AMBIENTE - 300 milhões de crianças respiram ar tóxico
Poluição: 300 milhões de crianças respiram ar tóxico, segundo UNICEF.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância pede ação urgente na COP 22, no Marrocos.
(Foto: © Mawa/UNI158471/UNICEF)
Veja também:
• Relatório em inglês
• Links referenciais
(Foto: © Kevin Frayer/Getty Images)
(Foto: © Christopher Furlong/Getty Images)
Nova Iorque, 31 de outubro de 2016 - Quase uma em cada sete crianças no mundo (300 milhões) vive em zonas com os mais elevados níveis de toxicidade de poluição atmosférica - seis vezes ou mais acima dos limites recomendados internacionalmente -, revela um novo relatório do UNICEF.
O relatório Limpem o ar para as crianças (Clear the air for children - disponível somente em inglês) utiliza imagens de satélite para mostrar pela primeira vez quantas crianças estão expostas à poluição atmosférica que excede os níveis internacionais definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e onde essas crianças vivem.
A publicação chega uma semana antes da COP 22, que será realizada entre 7 e 18 de novembro em Marrakesh, Marrocos, quando o UNICEF vai apelar aos líderes mundiais para que tomem medidas urgentes para reduzir a poluição do ar nos seus países.
"A poluição do ar é um dos principais fatores que contribuem para a morte anual de cerca de 600 mil crianças com menos de 5 anos de idade - e ameaça a vida e o futuro de milhões de crianças", afirmou Anthony Lake, diretor executivo do UNICEF. "Os poluentes não só prejudicam o desenvolvimento dos pulmões das crianças, mas podem também atravessar a barreira hematoencefálica e causar danos permanentes no desenvolvimento cerebral de meninos e meninas, e consequentemente em seu futuro. Nenhuma sociedade pode permitir-se ignorar a poluição do ar".
As imagens de satélite confirmam que cerca de 2 bilhões de crianças vivem em áreas onde a poluição atmosférica - causada por fatores como as emissões de veículos, a utilização de combustíveis fósseis pesados, poeira e a queima de lixos - excede os limites de qualidade mínima do ar definidos pela OMS. A Ásia Meridional tem o maior número de crianças vivendo nessas áreas, 620 milhões, seguida da África com 520 milhões de crianças. A região do Leste da Ásia e Pacífico tem 450 milhões de crianças vivendo em áreas que excedem os limites estabelecidos.
O estudo analisa também os efeitos nefastos da poluição do ar em espaços fechados, frequentemente causada pelo uso de combustíveis como carvão e madeira para cozinhar e aquecimento, que afeta sobretudo as crianças mais pobres, em zonas rurais.
Juntas, a poluição atmosférica e a poluição do ar em espaços fechados estão diretamente relacionadas com doenças como pneumonia e outras infecções respiratórias que são a causa de morte de quase uma em cada 10 crianças menores de 5 anos, transformando a poluição do ar num dos principais riscos para a saúde das crianças.
As crianças são mais suscetíveis do que os adultos à poluição do ar, tanto interior como exterior, pois os seus pulmões, cérebro e sistema imunológico estão ainda em desenvolvimento e as suas vias respiratórias são mais permeáveis. As crianças mais pequenas também respiram a um ritmo mais rápido do que os adultos e inspiram uma maior quantidade de ar em relação ao seu peso corporal. As crianças mais desfavorecidas, que já tendem a ter uma saúde mais debilitada e um acesso precário a serviços de saúde, são as mais vulneráveis a doenças causadas pela poluição do ar.
O UNICEF pede aos líderes mundiais que vão participar da COP 22 que tomem medidas urgentes nos seus países a fim de proteger as crianças da poluição do ar:
• Reduzir a poluição: Todos os países devem trabalhar para cumprir os padrões globais da OMS sobre a qualidade do ar em benefício da segurança e bem-estar das crianças. Para atingir esse objetivo, os governos devem adotar medidas como diminuir a utilização de combustíveis fósseis e investir em fontes de energia eficientes e renováveis.
• Aumentar o acesso das crianças a serviços de saúde: Investir nos cuidados de saúde em geral para as crianças - incluindo em campanhas de imunização e informação, na gestão comunitária e nos casos que requerem cuidados para tratar pneumonias (uma das principais causas de morte de crianças menores de 5 anos) - vai melhorar a sua resiliência à poluição do ar e sua capacidade de recuperação de doenças e de complicações associadas.
• Minimizar a exposição das crianças: Fontes de poluição, tais como fábricas, não devem estar localizadas nas imediações de escolas ou de parques infantis. Uma melhor gestão de resíduos pode reduzir a quantidade de lixo que é queimado no interior de comunidades. Fogões menos poluentes podem melhorar a qualidade do ar nas habitações. Reduzir a poluição ambiental no geral pode ajudar a diminuir a exposição das crianças.
• Monitorar a poluição do ar: Tem-se provado que um monitoramento mais eficaz da qualidade do ar contribui para que as crianças, os jovens, as famílias e as comunidades reduzam a sua exposição à poluição do ar, para estar mais informados sobre as suas causas; e para que assumam um papel mais interveniente na defesa de mudanças para transformar o ar mais seguro para a respiração.
"Nós protegemos nossas crianças quando protegemos a qualidade do ar que respiramos. Ambos essenciais para o nosso futuro", disse Lake.
O UNICEF está advogando por níveis mais baixos de poluição do ar, ao mesmo tempo em que trabalha localmente para proteger as crianças de seus efeitos. Por exemplo, apoia o desenvolvimento, a distribuição e o uso de fogões menos poluentes em Bangladesh, no Zimbábue e em outros países, e trabalha, por meio de alguns dos seus programas de cooperação nacionais, para reduzir o impacto da poluição do ar na saúde das crianças. O UNICEF também apoia programas para aumentar o acesso das crianças aos cuidados de saúde de qualidade e para vaciná-las contra doenças como a pneumonia.
Sobre o UNICEF
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) promove os direitos e o bem-estar de cada criança em tudo o que faz. Com seus parceiros, trabalha em 190 países e territórios para transformar esse compromisso em ações concretas que beneficiem todas as crianças, em qualquer parte do mundo, concentrando especialmente seus esforços para chegar às crianças mais vulneráveis e excluídas.
[Fonte: UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância - Relatórios - 31/10/2016]
Limpem o ar para as crianças |
Matérias relacionadas: (links internos)
» Meio Ambiente
Download: (arquivos PDF)
» Limpem o ar para as crianças (Relatório UNICEF - inglês)
Referências: (links externos)
» UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância
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