Homenagem

03/12/2022

Miriam de Freitas Santos: do bom combate à ancestralidade

O mistério da vida e da morte, intangível à inteligência humana, hoje, nos coloca em prantos pela partida repentina da procuradora de Justiça Miriam de Freitas Santos. Mas nos traz um alento e conforto que, no dia anterior à sua eternização, quando comemorava 41 anos dedicados ao Ministério Público, em poucos minutos, ela nos deixou um legado perene e que iluminará a luta pela promoção da igualdade racial.

Na live promovida pela Escola Superior do Ministério Público, da procuradora de Justiça Miriam de Freitas Santos, com vigor e a jovialidade de quem nunca deixou de acreditar na Justiça, adveio: a indignação contundente com tanta violência racial; a combatividade destemida e invulgar em enfrentar o status quo que continua a inferiorizar o negro e o marginalizar da vida social; a sensibilidade de quem, com amor, consegue olhar para as cicatrizes do racismo e se compadecer com as vítimas desta violência, porque, sobretudo se vê nelas; a coragem de quem foi a primeira mulher preta a se tornar promotora de Justiça no Paraná e vencer, cotidianamente, a desconfiança e o preconceito do sistema patriarcal e racista; a discrição silenciosa no trabalho, mas com efeitos estrondosos, que mudaram, dentro do Ministério Público e no Estado do Paraná, o enfrentamento à discriminação racial.

Hoje, livre, Dra. Miriam de Freitas Santos se soma à plêiade dos nossos ancestrais, que nos honraram com sua passagem pela luta pela liberdade e igualdade.

O nosso consolo é o seu exemplo de vida e de luta. A sua história não será esquecida: mulher, negra, venceu os desafios de sua época; lutou durante seus 41 anos de carreira com afinco, altivez e coragem, contribuindo para a efetivação de políticas públicas que promovem a igualdade racial, fazendo a diferença na vida de jovens negros.

Uma pessoa é uma pessoa por meio de outras. Nós somos porque Miriam de Freitas Santos foi por nós. Nós lutamos por igualdade racial porque Miriam de Freitas Santos lutou por nós. Nós sonhamos porque Miriam de Freitas Santos sonhou conosco. Nós sentaremos à mesa da fraternidade porque Miriam de Freitas Santos se sentou por nós. Nós resistimos porque Miriam de Freitas Santos resistiu por nós. Nós seremos livres porque Miriam de Freitas Santos foi livre por nós. Nós estamos com o coração dilacerado porque Miriam de Freitas foi por nós.

Ela, hoje, na eternidade livre, como espírito livre que é, realizou o sonho dos nossos ancestrais e hoje se torna um deles.

O Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Direitos Humanos e o Grupo de Promoção à Igualdade Racial do Ministério Público, convictos da grandeza da vida e do legado de Miriam de Freitas Santos, dela se despedem com a promessa de honrar a sua memória.

 

Olympio de Sá Sotto Maior Neto

Paulo César Vieira Tavares

Rafael Osvaldo Machado Moura

Amanda Ribeiro dos Santos

Ana Caroline Monteiro de Moraes

André Luiz de Araújo

André Luiz Querino Coelho

Bruna Britto Martins

Felipe Paschoeto Garcia

Rafael Pereira

Renato dos Santos Sant’Anna

Susana Broglia Feitosa de Lacerda

Thimotie Aragon Heemann

Augusto César da Silva Tostes

Ana Karolina Gomes de Casto

Felipe Lyra Cunha

Márcio Soares Berclaz

Bárbara Garcia

Luciano Câmara Menezes

Rafael Schroeder

Dayane Santos Oliveira de Faria

Ana Carolina Pinto Franceschi

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